quinta-feira, 26 de maio de 2011

Saúde interrompe interrogatório de acusado de genocídio na Sérvia

General Ratko Mladic, o mais procurado da Europa, foi preso nesta quinta.
Ele é acusado pelo massacre de Srebrenika durante a Guerra da Bósnia.

O interrogatório do general Ratko Mladic, acusado de crimes de guerra na Bósnia, teve de ser interrompido nesta quinta-feira (26) por causa de seu estado de saúde, segundo fontes do Tribunal de Guerra da Sérvia.

Mladic, de 68 anos, foi preso na madrugada desta quinta. Considerado o homem mais procurado da Europa, ele atuou como chefe do Exército da Sérvia durante a Guerra da Bósnia.

Na chegada ao tribunal, na capital Belgrado, Mladic parecia abatido.

"O juiz tentou (interrogar Mladic) e teve que acabar com os questionamentos porque Mladic está com problemas graves de saúde. Ele dificilmente consegue responder", disse o advogado Milos Saljic a repórteres.

Bruno Vekaric, o vice-promotor para crimes de guerra, disse a repórteres que o tribunal iria continuar a interrogar Mladic nesta sexta-feira.
O  general Ratko Mladic chega a tribunal em Belgrado nesta sexta-feira (26), horas após sua prisão sob acusação de crimes de guerra (Foto: Reuters)
Ele foi levado ao Tribunal Especial de Crimes de Guerra de Belgrado como parte do processo de extradição para o Tribunal da ONU em Haia, o que pode levar sete dias úteis, disse Vekaric anteriormente.

Uma autoridade com conhecimento da audiência disse que Mladic aparentava estar desorientado e cansado.

'Uma de suas mãos está quase paralisada, talvez por conta de um derrame anterior. Ele foi examinado por um médico e o seu advogado lhe deu remédio', disse a autoridade sob a condição de anonimato.

Prisão
"Detivemos Ratko Mladic hoje [quinta-feira] de manhã. O processo de extradição está em curso", afirmou o presidente Boris Tadic, aludindo à transferência do ex-comandante para ser julgado pelo tribunal de Haia. Até a prisão desta quinta, Mladic era o principal acusado de crimes de guerra foragido desde o conflito dos Bálcãs, nos anos 1990.
O general Ratko Mladic fotografado próximo a bandeira da ONU em 17 de maio de 1993 (Foto: Jerome Delay / AP)
Segundo o presidente, Mladic foi preso na Sérvia. "Isto remove um fardo pesado da Sérvia e fecha uma página infeliz da nossa história", disse.




Comandante das forças sérvias durante a guerra da Bósnia (1992-1995), Mladic foi indiciado pela corte internacional de crimes de guerra em 1995 sob a acusação de genocídio no massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica e o cerco de 43 meses a Sarajevo.

Ele foi preso no vilarejo de Lazarevo, perto da pequena cidade de Zrenjanin, no nordeste do país, a cerca de 100 quilômetros da capital Belgrado, informou um oficial de polícia.

Sobreviventes muçulmanos bósnios disseram que a notícia causa um sentimento misto.

"Estou feliz por estar vivo para testemunhar sua prisão, e ao mesmo tempo lamento muito que outras vítimas de Srebrenica não viveram para testemunhar este momento", disse Munira Subasic, que perdeu o filho e o marido quando soldados servo-bósnios sob o comando de Mladic tomaram Srebrenica, designada na época como "área segura pela ONU".

Autoridades informaram que o homem foi detido com documentos no nome de Milorad Komadic e que sua prisão aconteceu graças a uma denúncia anônima.

União Europeia
A demora na prisão do ex-general sob acusações de genocídio era tida como um entrave aos esforços da Sérvia para ingressar na União Europeia.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, disse nesta quinta, no entanto, que a prisão de Mladic é uma importante condição para a entrada da Sérvia no grupo, mas não significa sua automática adesão.

A Holanda foi um dos principais países membro da União Europeia a exigirem a prisão de Mladic antes da Sérvia ser aceita como parte do grupo.

Tribunal
A chefe das Relações Exteriores da União Europeia (UE), Catherine Ashton, elogiou a prisão do ex-general e disse que ele deveria ser enviado ao tribunal para crimes de guerra sem demora.

"Esse é um passo importante para a Sérvia e para a Justiça internacional", disse Ashton em comunicado nesta quinta-feira.

"Esperamos que Ratko Mladic seja transferido para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) sem demora. A total cooperação com o TPII segue sendo essencial para o caminho da Sérvia rumo a seu ingresso na UE", afirmou.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/saude-interrompe-interrogatorio-de-acusado-de-genocidio-na-servia.html ( acesso 26/05/2011)

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