sexta-feira, 11 de junho de 2010

Desde 2006, ONU aprovou 4 rodadas de sanções contra Teerã

Punições não tiveram sucesso no Iraque e na Coreia do Norte, mas ajudaram a derrubar o apartheid na África do Sul

Não é a primeira vez que o Irã sofre sanções na ONU. Na verdade, a resolução aprovada ontem foi a quarta em cinco anos. Todas as anteriores exigiam mais transparência dos iranianos, acusados de desenvolverem um programa de armas nucleares. Como as outras resoluções fracassaram, o Conselho de Segurança aprovou uma quarta. Analistas, porém, afirmam que o novo texto não interromperá o programa iraniano.

Primeiro, porque as sanções não são duras o suficiente. Como russos e chineses possuem fortes relações comerciais com Teerã, os EUA tiveram de barganhar para aprovar as novas medidas. Em segundo lugar, os países que sofrem sanções costumam encontrar saídas para burlar as restrições. Algumas saídas utilizadas pelo Irã são o uso de empresas em outros países do Golfo Pérsico, a adulteração de bandeiras de navios e a escala em entrepostos, como Dubai, antes de chegar ao Irã.

Não é apenas o Irã que consegue sobrevida após a aprovação de resoluções da ONU. O ditador iraquiano Saddam Hussein sobreviveu a mais de uma década de punições. Os iraquianos conseguiram burlar até a proibição de venda de petróleo, que podia apenas ser trocado por comida. A população empobreceu, mas o regime permaneceu intacto. O ditador caiu apenas depois da invasão americana, em 2003.

A Coreia do Norte, mesmo durante a vigência das sanções, conseguiu realizar um teste nuclear. O regime, um dos mais isolados do mundo, mantém firme o poder, apesar das restrições impostas. E os norte-coreanos, diferentemente dos iranianos, não possuem petróleo.

Além disso, tanto Irã como Coreia do Norte sofrem sanções unilaterais dos EUA, que são bem mais duras do que as quatro resoluções da ONU contra Teerã. O embargo a Cuba, por exemplo, dura quase cinco décadas e não conseguiu derrubar o regime dos irmãos Castro.

Apesar do fracasso na Coreia do Norte e no Irã, a política de sanções funcionou em pelo menos um caso: na luta contra o apartheid na África do Sul. Depois de anos de pressões internacionais, o regime de segregação racial sul-africano terminou e o país se redemocratizou.

Fonte:
Datado a 10 de junho de 2010 -
 http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100610/not_imp564251,0.php

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Irã pode escoltar navios para Gaza, diz porta-voz do aiatolá Ali Khamenei

Guarda Revolucionária, considerada força de elite, protegeria embarcações.
Grupo fiel à República Islâmica tem estrutura de comando independente.
 
As forças navais da Guarda Revolucionária, o grupo militar de elite iraniano, estão prontas para escoltar navios de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, rompendo o bloqueio militar imposto por Israel. A declaração feita neste domingo (6) é de Ali Shirazi, representante do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã.

Tropas da Guarda Revolucionária realizam três dias de exercícios navais no Golfo Pérsico

“As forças navais da Guarda Revolucionária do Irã estão plenamente preparadas para escoltar os comboios de paz e liberdade com toda sua potência e capacidade”, afirmou Shirazi, segundo a agência de notícias iraniana Mehr.

A Guarda mantém sua própria marinha, força aérea e estrutura de comando, separadas das forças armadas regulares, e é vista como ferozmente leal à República Islâmica.

Qualquer intervenção de militares iranianos será obviamente considerada por Israel uma provocação inaceitável. O governo israelense acusa o Irã de fornecer armas ao Hamas, o movimento islâmico que controla Gaza.
 
Fonte:
Matéria de 06/06/2010
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/06/ira-pode-escoltar-navios-para-gaza-diz-porta-voz-do-aiatola-ali-khamenei.html

domingo, 6 de junho de 2010

Movimento palestino Hamas evolui como organização política, na avaliação de especialistas




Desde 2006, quando o movimento nacionalista islâmico Hamas decidiu participar das eleições legislativas palestinas e conquistou 76 das 132 cadeiras do Parlamento, a representação política dos palestinos está dividida. De um lado, o secular Fatah, grupo ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas; do outro, o Hamas, de caráter religioso e radical, que não aceita oficialmente a existência do Estado de Israel.

Apesar de ter conquistado sua representação por meio de eleições justas, Israel, os Estados Unidos e a União Europeia (EU) continuaram considerando a organização como terrorista. É fato que o Hamas prega a luta armada contra Israel, alegando que se trata de uma legítima resistência à ocupação ilegal, e usa de práticas terroristas, mas há também o lado político que, embora não seja considerado por Israel, EUA ou UE, tem dado sinais de transformação.

Em 2007, o Hamas, com grande apoio popular em Gaza, promoveu um golpe militar no território, expulsando militarmente as forças leais ao Fatah e estabelecendo controle sobre a empobrecida região costeira. O golpe ampliou a divisão entre as lideranças palestinas, e Israel e Egito estabeleceram um bloqueio econômico à Faixa de Gaza como punição ao Hamas, mas que atingiu duramente a população de 1,5 milhão de habitantes. Desde a cisão entre as facções políticas palestinas, a opção de Israel e do Ocidente tem sido negociar apenas com a ANP, inclusive canalizando boa parte das doações e dos financiamentos para Abbas.

Repercussão negativa

O bloqueio é uma faca de dois gumes para o governo israelense. Ao mesmo tempo em que mostra força e satisfaz a opinião pública interna - sobretudo o eleitorado que escolheu o governo direitista de Benjamin Netanyahu - a repercussão internacional é cada vez mais negativa. Até agora, a estratégia tem sido tentar fortalecer a liderança do Fatah e de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que controla apenas a Cisjordânia e já participou de várias rodadas de negociações com Israel, suspensas após a ofensiva de 2008/2009 a Gaza.

Apesar da insistência de Israel em classificar o Hamas como uma organização terrorista, muitas práticas demonstram que o movimento tem sinalizado uma evolução de suas posturas. Há cerca de dois anos, seus líderes afirmaram que poderiam reconhecer o Estado de Israel, caso as fronteiras de 1967 fossem restabelecidas. O analista Mouin Rabbani, nascido na Holanda que vive em Amã, na Jordânia, vê uma evolução contínua e dinâmica nas posições do Hamas, o que considera normal para qualquer organização política. "A atual posição do Hamas - expressada clara e repetidamente - é que aceitaria qualquer acordo político alcançado por uma liderança palestina legítima e endossada pelo povo palestino por meio de referendo ou aprovação legislativa. Isso inclui a solução de dois Estados, o que o levaria a cessar todos os confrontos militares entre Israel e os palestinos", analisa.


Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br -  06/06/2010 
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