domingo, 6 de junho de 2010

Movimento palestino Hamas evolui como organização política, na avaliação de especialistas




Desde 2006, quando o movimento nacionalista islâmico Hamas decidiu participar das eleições legislativas palestinas e conquistou 76 das 132 cadeiras do Parlamento, a representação política dos palestinos está dividida. De um lado, o secular Fatah, grupo ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas; do outro, o Hamas, de caráter religioso e radical, que não aceita oficialmente a existência do Estado de Israel.

Apesar de ter conquistado sua representação por meio de eleições justas, Israel, os Estados Unidos e a União Europeia (EU) continuaram considerando a organização como terrorista. É fato que o Hamas prega a luta armada contra Israel, alegando que se trata de uma legítima resistência à ocupação ilegal, e usa de práticas terroristas, mas há também o lado político que, embora não seja considerado por Israel, EUA ou UE, tem dado sinais de transformação.

Em 2007, o Hamas, com grande apoio popular em Gaza, promoveu um golpe militar no território, expulsando militarmente as forças leais ao Fatah e estabelecendo controle sobre a empobrecida região costeira. O golpe ampliou a divisão entre as lideranças palestinas, e Israel e Egito estabeleceram um bloqueio econômico à Faixa de Gaza como punição ao Hamas, mas que atingiu duramente a população de 1,5 milhão de habitantes. Desde a cisão entre as facções políticas palestinas, a opção de Israel e do Ocidente tem sido negociar apenas com a ANP, inclusive canalizando boa parte das doações e dos financiamentos para Abbas.

Repercussão negativa

O bloqueio é uma faca de dois gumes para o governo israelense. Ao mesmo tempo em que mostra força e satisfaz a opinião pública interna - sobretudo o eleitorado que escolheu o governo direitista de Benjamin Netanyahu - a repercussão internacional é cada vez mais negativa. Até agora, a estratégia tem sido tentar fortalecer a liderança do Fatah e de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que controla apenas a Cisjordânia e já participou de várias rodadas de negociações com Israel, suspensas após a ofensiva de 2008/2009 a Gaza.

Apesar da insistência de Israel em classificar o Hamas como uma organização terrorista, muitas práticas demonstram que o movimento tem sinalizado uma evolução de suas posturas. Há cerca de dois anos, seus líderes afirmaram que poderiam reconhecer o Estado de Israel, caso as fronteiras de 1967 fossem restabelecidas. O analista Mouin Rabbani, nascido na Holanda que vive em Amã, na Jordânia, vê uma evolução contínua e dinâmica nas posições do Hamas, o que considera normal para qualquer organização política. "A atual posição do Hamas - expressada clara e repetidamente - é que aceitaria qualquer acordo político alcançado por uma liderança palestina legítima e endossada pelo povo palestino por meio de referendo ou aprovação legislativa. Isso inclui a solução de dois Estados, o que o levaria a cessar todos os confrontos militares entre Israel e os palestinos", analisa.


Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br -  06/06/2010 

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