Especialistas em arqueologia defendem patrimônio da destruição |
A guerra na Síria e no Iraque pode ter começado como uma simples revolta contra a ditadura de Bassar Al-Assad, mas é hoje uma verdadeira confusão de conflitos interligados.
Um dos que menos atenção estava a receber era a guerra pelo patrimônio arqueológico e cultural. Pelo menos, até ao momento em que o Estado Islâmico decidiu arrasar as ruínas de Nimrud, uma jóia arqueológica que data do século XIII antes de Cristo.
Mas há quem resista a esta destruição, apesar da enorme desproporção de meios e o risco envolvido. Abdul Rahman al-Yehiya e Ayman al-Nabu usam sacos de areia e máquinas fotográficas em vez de camuflados e armas automáticas.
A dupla foi entrevistada recentemente pela cadeia americana NPR, do lado turco da fronteira com a Síria. A sua missão é proteger o riquíssimo patrimônio cultural do país ou, na pior das hipóteses, documentar a destruição e os roubos.
“Somos uma equipa de especialistas em arqueologia, engenharia e artistas”, afirmam. E enfrentam o perigo constantemente, sendo que os bombardeamentos e os ataques de artilharia como apenas um dos problemas, referem. A principal ameaça vem de atiradores furtivos.
Para não darem nas vistas, estes “agentes especiais” fazem por fingir ser o mais normais possível. “Usamos roupa normal, mas estamos sempre prontos a correr. Usamos calças de ganga e sapatos de ténis, para podermos fugir rapidamente”.
Armam-se depois de máquinas fotográficas digitais, cedidas por colaboradores internacionais, para poder documentar artigos pilhados e vendidos no mercado negro. Para o fazer fingem ser compradores interessados em adquirir as peças e tiram furtivamente as fotografias. As peças poderão nunca mais ser vistas, mas ao menos sabe-se o que lhes aconteceu.
A missão desenvolvida por estes amantes da cultura é semelhante ao que foi levado a cabo por grupos de militares aliados na Europa no final da Segunda Guerra Mundial, conhecidos como os “Homens dos Monumentos”. Uma alcunha que é agora reaproveitada e usada por pessoas como Brian Daniels, do Museu Penn, em Filadélfia, que colabora com o grupo e que não tem dúvidas de que a destruição do patrimônio mundial se trata do “pior desastre cultural desde a Segunda Guerra Mundial”.
Apesar de todos os desastres e os incontáveis monumentos, artefatos e peças perdidos ou destruídos, há algumas vitórias animadoras. O alvo da mais recente operação foi o museu de Ma’arra, que tem uma vasta coleção de mosaicos antigos.
O grupo dirigiu-se ao local em segredo e usou sacos de areia para fortalecer as paredes, fotografando o interior e registrando o que já tinha sido danificado pelos bombardeamentos.
Depois, os dois resistentes taparam as paredes todas com lençóis de Tyvek, uma material protetor próprio, e cola. O mais difícil foi justificar a entrada do material, mas a imaginação resultou: “Muita gente está a morrer na Síria, por isso dissemos que eram mortalhas para embrulhar os mortos”, explica Yehiya.
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=180828
Um dos que menos atenção estava a receber era a guerra pelo patrimônio arqueológico e cultural. Pelo menos, até ao momento em que o Estado Islâmico decidiu arrasar as ruínas de Nimrud, uma jóia arqueológica que data do século XIII antes de Cristo.
Mas há quem resista a esta destruição, apesar da enorme desproporção de meios e o risco envolvido. Abdul Rahman al-Yehiya e Ayman al-Nabu usam sacos de areia e máquinas fotográficas em vez de camuflados e armas automáticas.
A dupla foi entrevistada recentemente pela cadeia americana NPR, do lado turco da fronteira com a Síria. A sua missão é proteger o riquíssimo patrimônio cultural do país ou, na pior das hipóteses, documentar a destruição e os roubos.
“Somos uma equipa de especialistas em arqueologia, engenharia e artistas”, afirmam. E enfrentam o perigo constantemente, sendo que os bombardeamentos e os ataques de artilharia como apenas um dos problemas, referem. A principal ameaça vem de atiradores furtivos.
Para não darem nas vistas, estes “agentes especiais” fazem por fingir ser o mais normais possível. “Usamos roupa normal, mas estamos sempre prontos a correr. Usamos calças de ganga e sapatos de ténis, para podermos fugir rapidamente”.
Armam-se depois de máquinas fotográficas digitais, cedidas por colaboradores internacionais, para poder documentar artigos pilhados e vendidos no mercado negro. Para o fazer fingem ser compradores interessados em adquirir as peças e tiram furtivamente as fotografias. As peças poderão nunca mais ser vistas, mas ao menos sabe-se o que lhes aconteceu.
A missão desenvolvida por estes amantes da cultura é semelhante ao que foi levado a cabo por grupos de militares aliados na Europa no final da Segunda Guerra Mundial, conhecidos como os “Homens dos Monumentos”. Uma alcunha que é agora reaproveitada e usada por pessoas como Brian Daniels, do Museu Penn, em Filadélfia, que colabora com o grupo e que não tem dúvidas de que a destruição do patrimônio mundial se trata do “pior desastre cultural desde a Segunda Guerra Mundial”.
Apesar de todos os desastres e os incontáveis monumentos, artefatos e peças perdidos ou destruídos, há algumas vitórias animadoras. O alvo da mais recente operação foi o museu de Ma’arra, que tem uma vasta coleção de mosaicos antigos.
O grupo dirigiu-se ao local em segredo e usou sacos de areia para fortalecer as paredes, fotografando o interior e registrando o que já tinha sido danificado pelos bombardeamentos.
Depois, os dois resistentes taparam as paredes todas com lençóis de Tyvek, uma material protetor próprio, e cola. O mais difícil foi justificar a entrada do material, mas a imaginação resultou: “Muita gente está a morrer na Síria, por isso dissemos que eram mortalhas para embrulhar os mortos”, explica Yehiya.
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=180828